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Santa Maria precisa de amor-próprio

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O substantivo masculino amor-próprio é "o sentimento de dignidade, estima ou respeito que cada qual tem por si mesmo". E vale muito para Santa Maria como município. É incrível como a principal cidade da região central do Estado é carente de amor-próprio. Parece que nada presta nela, os poderes constituídos, as entidades, as empresas, enfim, o povo trabalhador, que aqui envolve pessoas dos setores público e privado. Mas de quem é a culpa pela falta de amor-próprio que atinge o Coração do Rio Grande do Sul? 

Ouso afirmar que cada habitante de Santa Maria tem uma parcela de culpa, principalmente quando não cumpre os seus deveres e só acha que tem direitos na posição de munícipe. É verdade, porém, que a cidade clama urgentemente por cuidados básicos, como ruas bem pavimentadas e calçadas, além de limpas e iluminadas à noite. Vale para as vilas, os bairros e as áreas centrais. 

Os serviços de saúde também necessitam ser aprimorados, apesar dos esforços do atual e dos governos anteriores. Agora, não zelar e até destruir o patrimônio público, como praças, parques e áreas esportivas e de lazer, é de uma ignorância total.

Santa Maria é uma exportadora de talentos, que todos os anos saem formados das instituições de ensino superior e técnico que atuam na cidade. Lamentavelmente, ela não comporta nem propicia que todos esses profissionais permaneçam na cidade, com raras exceções. Assim, o comércio e o setor de prestação de serviços dependem dos recursos da força de trabalho da UFSM, das unidades militares, além, é claro, do funcionalismo municipal e estadual, e de outros órgãos federais e das empresas privadas.

Aproveito para citar um exemplo. Quando uma universidade federal, no caso a UFSM, instituição que vai completar 60 anos em 2020, é acusada de "formar comunistas, zumbis e idiotas", na presença do prefeito e vice-prefeito de Santa Maria, e muitos presentes na referida solenidade até aplaudem, é o suprassumo da falta de respeito e de amor-próprio. Isso que as duas lideranças políticas formaram-se na UFSM e, pelo que sei, não são comunistas, zumbis e nem idiotas. Outra grande falácia é dizer que quem sai da UFSM "não gosta de trabalhar e não gosta de quem trabalha". Milhares atuam na esfera privada, com muita competência e desenvoltura, graças aos ensinamentos adquiridos nos bancos universitários. Registro ainda: a comunidade da UFSM é composta por 2.070 docentes, 2.862 técnico-administrativos e 27.644 alunos. Certa vez, um bolicheiro de beira de estrada ao longo da BR-158 ainda em construção no trecho Santa-Maria-Rosário do Sul, me falou: "Rapaz, não é com ofensa nem ódio que a gente conquista e mantém cliente. A gente precisa ter respeito, ainda mais com o pessoal estudado, que arrepara em tudo".

Algumas pessoas em Santa Maria adoram bajular determinados forasteiros e tipos exóticos que instalam-se no município. Fazem papel até de capacho. Os mais sinceros vão ao ritmo do vento norte e agem por mero interesse, com o intuito de agradar para conseguir algum favor ou algo em troca mais adiante.

Quando os santa-marienses aceitam que sua cidade, sua gente ou qualquer instituição séria seja pisoteada e/ou tenha a sua imagem denegrida, a dignidade e o respeito já foram para o brejo faz tempo. Vale para o prefeito, o vice e o cidadão comum. Depois, não adianta cantar "Santa Maria, cidade-alegria! Sou filho orgulhoso. Me ufano de ti". Vai ser tarde demais.

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